E lá se vão quase seis meses!

22 de janeiro de 2015

Sentada no cockpit branquinho que acabei de esfregar exaustivamente, Rubão no interior do barco tentando reduzir a ” zona” de ferramentas espalhadas para que eu possa faxinar. Ambos exaustos, ainda em Trinidade aguardando os últimos reparos serem feitos e com uma lista gigante de tarefas até soltar as amarras. Espero, rezo, faço mandinga, qualquer negócio, para que isso aconteça em no máximo uma semana, aliás, quem ler a postagem ajude com todos estes recursos e quais mais conhecerem, estamos necessitando, hahaha.
Para entenderem a longa ausência e a falta de inspiração segue um resumão a partir de Anguila onde iniciamos nossa corrida para fugir da temporada de furacões rumo a Grenada em …..
E por aí a “pretensa” publicação parou, esfreguei o cockpit mais umas três vezes, e já mais um mês se passou. Outros problemas se apresentaram, a inspiração falhou de novo, mas agora, já seguindo viagem, estamos em Carriacou resolvendo mais alguns abacaxis, e acho que finalmente seguiremos.
Para quem está lendo e não navega vou fazer um paralelo do que nos aconteceu nos últimos meses: quem já passou por aquele período em que você acorda, vai usar o liquidificador e ele trava. Tdo bem, sai sem a vitamina da manhã, dá partida no carro e a bateria arriou…tudo bem, faz a famosa ” chupeta”. Chega atrasado no trabalho, pega um café, e derrama na camisa. Tudo bem de novo, afinal? Tudo se ajeita. Na hora do almoço, a m… da bateria arriou de novo, vc pisa numa poça de lama, vai assistir o filme que alugou e o DVD pifa e tudo bem p….nenhuma, você está no seu inferno astral, e embora não tenha a menor idéia do que isso significa, entendo os efeitos. Foram alguns meses onde vários pequenos problemas diários se acumularam, mas finalmente acho que vemos a luz no final do túnel…das ondas, hahaha..
Fazendo o resumão prometido no começo, para quem acompanhou, chegamos do Brasil no sul do Caribe, próximo a Venezuela, e fizemos várias postagens ao longo de nosso trajeto pelas ilhas caribenhas até o ponto mais alto onde chegamos, Anguila, e começamos nossa descida para fugir da temporada de furacões rumo ao sul novamente. Nosso destino final, Grenada, com algumas escalas. Saindo de Anguila vi o mar engrossando e nada orgulhosamente bati um record, 30 horas seguidas vomitando, kkkk. Esse vale? Rubão coitado, queria mudar a rota, mas eu corajosamente, entre um balde e outro, insisti em manter o planejamento, e com os queridos amigos do Cascalho, paramos em Guadaloupe, onde virei humana de novo, e depois na linda ancoragem da Martinica, Saint Pierre que ainda não conhecíamos. Seguem fotos, inclusive, vou tentar colocar um link com a história da erupção do famoso vulcão do Monte Pelé e a destruição subsequente que aparece nas mesmas.

Foto minha derrubada na travessia. Pelo menos neste minuto não estava abraçada com o balde.

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Saint Pierre

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Ruínas da erupção vulcanica

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Cela onde se encontrava preso o único sobrevivente da erupção, ou teremos um segundo? Os relatos são divergentes. Um dos poucos casos onde alguém deu sorte estando aprisionado.

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Link: https://depokafe.wordpress.com/2009/05/08/hoje-na-historia-erupcao-do-monte-pelee/

Finalmente chegamos em Grenada, parando primeiro na ancoragem do Parque das Estátuas, um mergulho inesquecível. Seguem mais algumas fotos das estátuas submersas e um link a respeito, afinal, nem um resumão comporta tanta delonga.

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Um dos links com informações: http://essaseoutras.xpg.uol.com.br/parque-de-esculturas-submarinas-caribe-museu-fundo-do-mar-granada/

Chegamos em nossa conhecida ancoragem chamada Prickly Bay em Grenada. É um local confortável, com internet excelente, muito agito nas marinas e uma coisa que adoramos: aulas gratuitas de yoga e Tai Chi ministradas por um casal velejador em dias alternados na marina, e aí vc descobre o quanto está entrevada, mas como ajudou.
Resolvemos alugar um carro com Luís e Mauriane do catamarã Cascalho por 3 dias e conhecer bem a ilha que é fascinante, e, como Brasileiros econômicos, fizemos a locação mais barata, e foi uma pândega. Cada dia uma quebra e um carro diferente, tudo isso com cestas de piquenique, montes de frutas que íamos “legalmente” pegando pelo caminho, montes mesmo, isopor de cerveja, em suma ” OS FAROFEIROS DO CARIBE”, e quando quebrava o carro, era uma risada só. O povo local, extremamente educado prestava toda a ajuda necessária, descarregávamos nossa carga no acostamento e esperávamos o próximo carro Frankstein, todo remontado chegar. Isso, ao invés de atrapalhar nos divertiu muito, entre as lindas cachoeiras, destilaria de rum, igrejas e muitos lugares imperdíveis.
Mais fotos

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Isso parece uma fruta, mas é a noz-moscada

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Nosso amigo Jadir chegou em Grenada com destino ao Brasil com dois jovens muito simpáticos, Fernando e Marcelo, e junto também com os queridos amigos do Namastê, Carlão e Sandra ( e o cão mais querido do mundo, meu sobrinho Branquinho ),Luís e Mauriane do Cascalho, assistimos a copa do mundo ( minúsculas propositais) nos sentindo felizes e ao mesmo tempo exilados no bom sentido.

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Todos partindo, Jadir para o Brasil, Mauri e Luis para Trinidade onde deixarão o barco no seco para visitarem os familiares no Brasil, e os Namastês em outra ancoragem. Neste momento, pretendíamos permanecer em Grenada por mais uns três meses e partir para Trinidade somente em outubro para a pintura do fundo, um procedimento relativamente rápido.
Mas…e o medão? Começaram avisos sérios de furacão vindo na direção de Grenada, e , “barco pra que te quero”, chegamos rapidinho em Trinidade, final de Julho, para completa tranquilidade, uma vez que lá dificilmente chegam furacões.
No princípio uma delícia. Reencontramos o Luís e a Mauri, fizemos compras aproveitando a fartura maior desta ilha, lemos, descansamos, só que o calor é terrível, e embora a ilha seja bonita, a água é muito suja na baía de Chaguaramas, Pretendíamos partir em breve, mas começou o tal “inferno astral” que acabou nos retendo por lá até a uma semana atrás.
Mas, tudo tem dois lados. Conhecemos o casal do veleiro Babilé, João, de Portugal, e a Brasileira Natali, jovens sensacionais, reencontramos e fomos imensamente ajudados por essa rede infalível e maravilhosa de amigos velejadores. Rodrigo do veleiro Sotália ( pé de boi é pouco para descrever a disposição em ajudar a lixar, pintar e tudo o mais), Marcos Borguetti, que trouxe encomendas essenciais do Brasil, Rogério do veleiro Plancton, sempre um gentlemam, ajudando nas compras, aconselhando, o Edson e a Keliy, novos amigos do veleiro Deslise, e os Cascalhos voltaram. Aí, imaginem, tanto brasileiro junto só pode virar festa. Foram vários aniversários comemorados com direito a música ao vivo, feijoadas, churrascos, e o companheirismo que faz tudo valer a pena.
Infelizmente, quando partiram para o início da temporada ainda tínhamos problemas a resolver e as despedidas não foram fáceis.
Agora, ajudados mais uma vez com peças vindas do Brasil trazidas pelos amigos do Babilé ( agradecendo aos cunhados queridos, Edinho e Mi, que organizaram a logística no Brasil) , fizemos uma travessia relativamente tranquila mas só quem não mareou foi a Super gata marinheira, Bebê, que andava no convés pegando os peixes voadores que lá caíam e levando-os ao cockpit para devorá-los sob os olhares de seus pais meio esverdeados, resultado de muito tempo sem velejar em mar aberto.
Como já disse, estamos numa ilha muito gostosa onde já passamos na temporada anterior, Carriacou, resolvendo mais alguns probleminhas, quase reencontrando os amigos velejadores, e com muita, mas muita saudades dos amigos distantes que reencontraremos em Maio ou Junho em uma visita ao Brasil.
Fotos de Carriacou

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A turma festejando ainda em Trinidade

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Bebê no processo namorar/devorar um dos seus peixes voadores

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Estamos com planos maravilhosos, sonhando acordados com o que está por vir. Revisitar alguns lugares especiais começando por Tobago Kays e Béquia onde curtiremos um festival anual de música que acontecerá neste final de semana, e conhecer as Ilhas Virgens, que relatam ser o lugar mais lindo do Caribe, onde receberemos os cunhados Luis e Gigi e mataremos a saudade. Finalmente, navegaremos até os Estados Unidos onde deixaremos Doris em uma marina durante nossa visita ao Brasil.
Será uma longa viagem e tentarei ser constante nas postagens. A inspiraçào está voltando, proporcional à possibilidade de mergulhar, acordar com este mar de cor inigualável e sonhar com novos lugares.

Todas as escolhas trazem suas tristezas. Esta postagem é feita em homenagem aos tios queridos que partiram sem que eu pudesse me despedir, Tio Henrique, Tio Zé e Tia Mariquinha, grande leitora do blog, grande incentivadora com seus comentários, e relembrando as cobranças que fazíamos uma a outra no facebook sobre eu publicar um livro sobre a viagem e ela um com suas belas poesias que estarão sempre em nossa memória.

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Rita

Breve – Não Tão Breve Retrospectiva e Reflexões.

20 de agosto de 2014

Saímos do Brasil em junho de 2013. Ao partirmos, todas as emoções da despedida estavam muito presentes em nossas mentes e corações, mas aquilo de uma forma ou de outra já pertencia ao passado quando lentamente passávamos pela ponta das canas e víamos ainda na madrugada fria as luzes da cidade – da nossa ilha, diminuindo pouco a pouco na popa de Dóris. Enquanto chorávamos a despedida nossos corações também se angustiavam com o futuro. Talvez tenha sido o momento de mais incertezas em nossas vidas até então. Na vida “normal” as incertezas também existem, mas executar o projeto que tínhamos nos proposto e nos ver ali, já no primeiro passo da execução, navegando na madrugada rumo ao desconhecido, envoltos numa espessa nuvem de emoções, foi algo que ficou impresso em nossas almas e do qual jamais nos esqueceremos. Minhas dúvidas eram muitas, amplamente maiores que as certezas, estaríamos expostos a situações e acontecimentos para os quais não sabíamos se estávamos preparados, se o barco estava preparado. O que fazer? Tenho uma estratégia para lidar com o desconhecido e afastar a ansiedade que algumas vezes pode destruir projetos e levar ao fracasso. Esta estratégia é bem simples e parte de uma única questão: O que é mais importante, o passado, o presente ou o futuro? O passado está na esteira e jamais poderá ser refeito, modificado e o futuro ainda não aconteceu e ele será resultado do que fazemos no presente, ele é construído a cada instante do nosso presente, portanto, tratei de pensar em administrar o momento, curtir a navegada mansa e tranquila, o vento, o sol que estava nascendo, o mar, a navegação, o rumo. Nosso primeiro destino foi a Ilha Grande. Já tínhamos feito esta mesma rota várias vezes e isto nos dava segurança. A única e importante diferença é que nas outras vezes a data da volta já estava marcada e nossa casa, nosso porto seguro estaria lá quando voltássemos… agora era uma viagem só de ida.

Mudança de Hemisfério

Mudança de Hemisfério

Acredito que os acontecimentos que precederam nossa saída, todas as emoções que experimentamos nas despedidas, o imenso apoio dos amigos e familiares e a sensação de vitória quando nos soltamos da poita e corajosamente partimos rumo às incertezas, serviram como uma espécie de tempera que ao mesmo tempo fortaleceu e moldou nossos espíritos para os desafios futuros. Vencemos a primeira etapa, demos o primeiro passo, deixamos a duras penas nossos empregos, nossa rotina, nossa “segurança”, nossa casa, nossa vida, nossos familiares e amigos, uma cisão quase que total e nos lançamos de corpo e alma e agora temos que administrar os momentos. Tudo isso de certa forma nos preparou para nossa aventura e este alicerce nos tem sido muito útil no dia a dia.

Rock sagrado no Lagoones com os amigos do Cascalho

Rock sagrado no Lagoones com os amigos do Cascalho

Nossa subida da costa brasileira pode ser dividida em duas etapas. Até Vitória (ES) cuidamos do barco e nos estressamos bastante, depois passamos a curtir mais e conhecer novos lugares. Em 2011 e início de de 2012 já tínhamos feito praticamente todo este trajeto até Fernando de Noronha e Natal, então decidimos passar por alguns lugares ainda não visitados como Santo André no sul da Bahia, conhecemos diversas ancoragens na baia de todos os santos e rumamos para Recife de onde partimos para a regata de Recife a Fernando de Noronha e depois, também em regata fomos de Fernando de Noronha a Natal. Nos dias que precederam a REFENO, durante toda a regata e depois mais uns dias em Natal tivemos as companhias de meu irmão Edinho e a amada cunhada Micheli e do irmão da Rita, o Lico e a também amada cunhada Dani.

Torbem Grael e nossa Tripulação

Torbem Grael e nossa Tripulação

Foram dias maravilhosos nos quais pudemos desfrutar da amizade e companheirismo dos familiares e de uma trupe de amigos como o Fenando e a Paula do Andante, do Nelson e Lúcia do Avoante, do Chagas, da Sueli do Cabanga e tantos outros. Em Natal minha irmã Mara o cunhado Ricardo e as princesas Tatá e Duda se juntaram a nós e completaram nossa felicidade. A única coisa ruim foram as despedidas a conta gotas… Um dia vai um, depois outro e outro. A Rita quase teve uma desidratação severa de tanto chorar, a cada despedida retrocedíamos emocionalmente ao ponto de partida e a tristeza só não foi maior porque o pessoal de Natal não deixou. O Elder e Dulce, a Dna Isolda e o Seu Eilson, o Zéca e a Lúcia estavam sempre presentes. Lá iniciamos uma nova amizade com o Carlão e Sandra do Namastê com os quais velejamos juntos para Galinhos, Ilha dos Lençóis, Guiana Francesa e finalmente Tobago, a porta de entrada do Caribe… Pronto, o futuro chegou, e agora? Tudo novo, país novo, língua nova, cultura e costumes diferentes, comida diferente, moeda diferente, procedimentos de imigração nos quais invariavelmente nos deparamos com pessoas sem a menor boa vontade… Bem vindo ao Caribe, este lugar que povoou nossa imaginação, que esteve presente em nossos sonhos e noites de insônia, que parecia inatingível quando devorávamos os livros do Marçal e Eneida, da Heloísa, do Sérgio, do blog da Paula e Fernando, do blog do Marcão e tantas outras fontes de informação. Apesar de todas as leituras, comentários e blogs que lemos, uma coisa me passou desapercebida e pela qual não esperávamos: Não é fácil navegar no Caribe! A combinação de ventos, correntezas e mar resulta em navegadas muitas vezes complicadas que exigem planejamento e atenção redobrada com a meteorologia. Aqui aprendi – e estou aprendendo muito, passamos momentos difíceis, alguns dificílimos em todo o caminho até aqui, momentos que exigiram muito de nós, exigências físicas e psicológicas e agora estamos treinando e praticando isto a cada navegada de ilha em ilha. Tem hora certa para sair e evitar determinados tipos de correnteza e ondulação e tem ainda o vento sempre forte e quase nunca na direção pretendida. Digo a você leitor, não é fácil e nem sempre se acerta, mas é possível. Aqui enfrentamos ondas desencontradas e grandes que por vezes invadiram nosso cokpit mas agora, fazendo este balanço da viagem posso lhe dizer com todas as letras: Vale a pena, cada momento ou situação difícil é recompensada por paisagens e lugares maravilhosos, pelas novas amizades, pelos novos lugares. Nem tudo é bonito, nem todos os povos que conhecemos nos agradaram, mas o balanço é extremamente positivo.

Foram muitas as nossas ancoragens e em San Marteen recebemos as primeiras visitas no Caribe: minha irmã Mara, cunhado Ricardo e as sobrinhas Duda e Tatá. Dias maravilhosos e uma bela velejada a San Barth onde nos esbaldamos em Colombier.

Colombier

Colombier

San Barth

San Barth

Uma das navegações mais difíceis que fizemos aqui foi na rota entre Anguilla e Guadalupe, principalmente entre a saída de Anguilla até a altura de Antígua, quando o mar parecia não nos querer por lá e não deixou nenhuma dúvida de que não éramos bem vindos. Foi realmente muito difícil, mas foi também um belo teste para os novos equipamentos que instalamos em St Marteen, principalmente para o piloto automático que esteve impecável durante todo o tempo.

Hoje, sentado aqui no cockpit e perdido entre lembranças das mais variadas, das alegrias dos mais belos momentos que passamos por aqui e das tristezas com a inestimável perda de parentes e amigos que se foram definitivamente e que não pudemos estar presentes para o último adeus, fazendo este relato me vem uma questão que – creio eu, persegue a todos nós. Valeu a pena? Sim, valeu a pena, como diz Zé Ramalho em uma de suas canções, “respirar, navegar é coisíssima igual…”, mas não é só isso. Este ano e pouco de viagem foi com certeza o mais longo de minha vida, não é fácil explicar, mas é quase como se fosse uma outra vida, uma coisa tão intensa e variada que me leva a concluir que a equação para medir o tempo de vida de uma pessoa falha totalmente quando se atém apenas aos anos vividos e não leva em consideração a intensidade e a variedade das experiências vividas.

Vôo

Vôo

Para concluir, penso que ninguém precisa comprar um barco e sair viajando para mudar a vida e viver novas experiências, devem existir mil e uma maneiras de se fazer isto e milhões de histórias sobre as mais variadas experiências neste campo, mas creio que todas elas tem os mesmos ingredientes fundamentais: vontade (ou necessidade) de mudar, planejamento, perseverança, disciplina e enfim, coragem.

Rubão

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Anguila, uma rápida passagem

27 de junho de 2014

Saímos pela manhã de Marigot, deixando Saint Martin e sentimos um friozinho na barriga, natural depois de um longo período praticamente sem navegar, mas nosso objetivo, Anguilla, estava somente a umas 14 milhas e realmente foi uma velejada tranquila. Uma curiosidade quando estamos chegando são as várias ilhotas onde não é permitido ancorar e nem pernoitar, na verdade, quem deseja conhecê-las com seu barco precisa antecipadamente pagar uma bela taxa, acho que quase 100US para pegar uma poita e passar o dia.

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Ancoramos na ilha principal em Road Bay, descansamos neste dia e quando amanheceu desembarcamos para fazer customs e imigração, aliás, acho que é a equipe mais simpática com a qual nos deparamos até agora no Caribe e fomos explorar Anguilla.
Primeiro a praia em frente a ancorarem, uma graça,

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E depois, de carona com essa população extremamente prestativa, aliás, duas caronas diferentes pois estávamos em 4 pessoas e conseguimos ambas nos primeiros minutos de dedões erguidos, fomos conhecer a capital, The Valley, não tão charmosa.

Aguardando a passagem de carros para nossa carona

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The Valley

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Andamos um pouco pela capital, encontramos uma Digicel para abastecer nossos telefones e da forma econômica que preferimos e ainda bem, os amigos do Cascalho também, entramos em um Super Mercado, pegamos umas cervejinhas e salgados, fizemos nosso piquenique e retornamos, novamente de carona para nossa ancorarem.
Na próxima temporada retornaremos com mais tempo para conhecer os passeios recomendados nessa região. Desta vez nosso objetivo é retomar a viagem amanhã cedo, navegar o máximo que conseguirmos rumo a Grenada, nosso objetivo final, mas com paradas estratégicas que serão selecionadas conforme o desenrolar da navegação. Nossa preferência é chegar até Saint Pierre na Martinica mas temo enfrentar uma viagem difícil, portanto iremos mantendo contato por rádio com o Cascalho para tentar sincronizar as ancoragens.
Desta vez estou com uma “geleira” na barriga ao invés do friozinho. O mar está revolto, o vento não é o pior mas também não é o melhor em termos de direção e a previsão fala de várias rajadas.
Vou tentar me abster do Meclin, um remédio porreta para o estômago mas que me dá um baita sono.
Torçam por nós,

Nevis e San Maarten e mil desculpas pelo sumiço parte II

5 de maio de 2014

Na publicação anterior eu fiz uma previsão otimista de ainda ter uns 10 ou 15 dias de trabalho intenso no barco para deixá- lo com tudo instalado e então partir de San Maarten, fugindo da temporada de furacões para o nosso próximo destino ainda indeterminado na época. Acabamos permanecendo na marina mais algumas semanas trabalhando muito e tivemos a oportunidade de conhecer os donos de dois veleiros com bandeira brasileira, Júlio, brasileiro e seu tripulante Bertrand, um francês divertidíssimo no veleiro Amazon, tomamos um vinho e uma cachacinha juntos contando as histórias do mar, e o casal Heló e Sérgio, donos do Cirandeiro e nossos vizinhos na marina, também velejadores a muitos anos que nos convidaram para um happy hour e nos divertimos muito contando nossas aventuras.

Veleiro do Júlio

Veleiro do Júlio

Júlio e Bertrand

Júlio e Bertrand

 

Fui convidada para dar uma palhinha em um restaurante muito famoso chamado Rancho especializado em música latina e espero ter feito um bom papel representando a música que considero a melhor do mundo, a nossa MPB.

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Agora, alguns dias a mais do que o previsto e com um belo atraso, mas satisfeitíssimos com as melhorias no barco estamos de partida para Anguilla, uma ilha bastante próxima de Saint Martin, sim, mudou a grafia pois agora estamos do lado francês, na Baía de Marigot que além de possuir uma água translúcida tem a temperatura mais deliciosa, a melhor em que nadei em minha vida, e a sensação maravilhosa nos mergulhos é ainda mais forte em função da privação de banhos de mar que a permanência prolongada na marina nos obrigou, mas quando vejo o que para mim é pura mágica: 30 litros de água doce por hora de funcionamento entrando em nossos tanques ( santo watermaker), as baterias bombando e o Rubão pegando menos no meu pé quando acendo minhas luzes ( santos painéis solares novos), o montão de queijos franceses que pude comprar baratinho ( santa geladeira nova ) e muitas outras melhorias, percebo o quanto isso tudo facilitará a vida a bordo. Passaremos somente uns dois ou três dias em Anguilla que fica a somente 14 milhas daqui e seguiremos então para nosso próximo destino, Grenada, a umas 380 milhas, provavelmente sem paradas, pois o tempo urge e começo a sentir um friozinho na barriga quando ouço a palavra furacão, CREDO!!!

Saindo do lagoon após 2 meses de marina

Ponte levantando para passagem

Ponte levantando para passagem

O que mudou e foi uma mudança maravilhosa, foi que os amigos do catamarã Cascalho, Luís e Mauriane, resolveram se juntar a nós na última semana e temos tirado o atraso nas diversões e passeios com o casal, fora o “almojanta” regado a um bom vinho que rola diariamente em Dóris ou no Cascalho.

Sashimi e sushi feitos por mim e devorado no Cascalho, que nos fartou depois com um peixinho com alcaparras na manteiga. Bommmmmmm!

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Rock no Lagoonis, viramos fregueses de carteirinha e estamos iniciando os amigos

Rock sagrado no Lagoonis com os amigos do Cascalho

Rock sagrado no Lagoonis com os amigos do Cascalho

 

Retomamos nossas compras em Philipsburg

Píer de Philipsburg

Píer de Philipsburg

Será que rolou uma jóia? SIM! Na verdade eu ganhei um pingente e Mauriane um brinco do simpático dono da loja. Inesperado!

Lindas jóias e dono generoso e grande admirador do Brasil

Lindas jóias e dono generoso e grande admirador do Brasil

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Cantinho de Philipsburg

Cantinho de Philipsburg

Nesta calçada funcionava uma maternidade e as paquinhas no chão assinalam os nascimentos

Nesta calçada funcionava uma maternidade e as plaquinhas no chão assinalam os nascimentos

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E no final da tarde...

E no final da tarde…

Cascalho, que embarcação maravilhosa!

Cascalho, que embarcação maravilhosa!

 

Bom, quem está acompanhando o blog lembra-se do nosso desejo de navegar pelas região da Venezuela e das ilhas ABC e também da insegurança que sentíamos sobre os conselhos que ouvíamos, todos versando sobre a pirataria, os roubos frequentes na região e a instabilidade política e econômica que o país enfrenta gerando toda essa conturbação. Pesquisamos alguns sites, conversamos com mais navegadores, inclusive com alguns que já viveram naquela região embarcados e que resolveram sair recentemente de lá, e em comum acordo com nossos vizinhos de viagem do Cascalho optamos pela situação mais segura no momento: seguir para Grenada que é belíssima e conhecemos muito ligeiramente em nossa subida, possuindo diversas ancoragens diferentes e pontos de mergulho, muita lagosta e conch para serem caçados e comidos, hahaha, e a proximidade com outras ilhas maravilhosas para visitar, mas principalmente, estrategicamente próxima de Trinidad que é totalmente segura no caso de um aviso de furacão surgir. Talvez se perguntem então, porque não Trinidad direto? Porquê lá é CHATO! Em Grenada estarão muitos amigos e pretendemos ficar em Prickly Bay em nossa primeira ancoragem pois lá tem aquela marina que frequentamos enquanto estávamos ancorados no início da viagem que promove shows de música ao vivo, happy hour com preços ótimos e o principal no momento, um baita telão para transmitir a copa do mundo. Acho que passaremos pela dualidade de sentimentos de torcer contra para que a “presidenta”, assim, bem minúscula e com erro ortográfico como merece, se ferre, com toda a sua corja, e aquele outro lado, brasileiro mesmo, sofredor, de fazer figa , roer as unhas e acabar torcendo pelo gol, mesmo contra a vontade. Os amigos também nos disseram que, em função do grande número de velejadores que permanecerão por lá na temporada, estão organizando vários passeios diários para cachoeiras, vulcões, acho que vai ser uma farra. Mais no final da temporada iremos provavelmente para Trinidad retomar os trabalhos, UFA, parece que nunca acaba, tirar o barco da água e pintar o fundo, mas já estou colocando o carro na frente dos bois, ou será o barco…mas na frente dos bois? Baleias? Leões marinhos? Hahaha, até a próxima, em alguns dias, já em Grenada. Rita P.S Olhem a “comprinha” de vinhos e comidinhas francesas para o estoque. Acreditem, carregamos tudo por mais de um quilometro…já queimando as calorias.

Provisões

Provisões

Nevis, San Marteen e MIL DESCULPAS PELO SUMIÇO…Parte I

20 de abril de 2014

Lá se vão 45 dias desde a última vez que publiquei alguma coisa e assumo: MEA CULPA, MEA CULPA, MEA MÁXIMA CULPA, hahaha.
A verdade é que Nevis foi um rápido interlúdio para o que considerávamos um marco na viagem que era a chegada em San Marteen.
Nevis também conhecida como Saint Kitts and Nevis fica ao lado de outra ilha chamada Saint Cristopher e ambas pertencem curiosamente a Anguila, e digo curiosamente porque se observarem em um mapa verificarão que a Ilha mãe fica bastante distante, após San Marteen, e na verdade Nevis nos decepcionou um pouco. As poitas disponíveis ( não se pode ancorar) são muito distantes da cidade (Charlestown) e haja motor no botinho e traseiro molhado na longa viagem. Customs e imigração com taxas caras, atendimento lento e uma cidade bonita mas com um povo super emburrado. No final, o que vale a pena é a praia em frente a ancoragem que possui um belo resort e dois restaurantes com um atendimento simpático e um bom sinal de internet.

Fotos de Charlestown

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Restaurante simpático

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Vejam nosso país decorando o local

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Jogo esquisito destas bandas. A tábua inclinada tem um buraco e cada jogador faz arremessos tentando encaçapá-las. Raramente acertam, acho ou que beberam umas antes ou que realmente é difícil, hehehe

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Finalmente uma skol, estávamos com saudade!

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Ficamos o mínimo necessário para conhecer e descansar um pouco e na quarta-feira a noite partimos para San Marteen, com uma previsão de umas 12 horas de navegação para vencer as 63 milhas de distancia. A m… de não escrever logo sobre as travessias é que esquecemos as particularidades e elas se misturam, mas pelo que me lembro os únicos fatos marcantes foram mais uma rede de pesca que pegamos mas que o Rubão removeu com facilidade sem precisar mergulhar, um belo Xaréu de uns 3 Kg que o Rubão pegou e um sustão que tomei com o 3º grande navio com o qual cruzamos no meu turno da madrugada e que deu a sensação de estar vindo diretamente para nós. Foi só um erro de cálculo, mas é uma rota bastante movimentada, muitos transatlanticos e demanda atenção.

Olha o Xaréu aí…

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San Marteen, como é conhecido o lado Holandês dessa curiosa ilha que tem também sua metade Francesa chamada Saint Martin, foi nosso destino escolhido para a primeira ancoragem na Simpson Bay, uma enseada relativamente tranquila com uma ponte que abre em alguns horários pré estabelecidos para que os veleiros com seus mastros altíssimos e os grandes iates passem para uma área extremamente calma e protegida chamada lagoon. Este lagoon abriga diversas marinas, restaurantes, o Iate Clube local e as maiores lojas de produtos náuticos do Caribe.
Ancoramos umas 7:00 hs da manhã e que alegria sentimos ao avistar o veleiro Namastê dos amigos Carlão e Sandra e do meu queridíssimo Branquinho. Neste mesmo dia já rolou, apesar do cansaço, uma visita de botinho ao lagoon, customs e imigração e uma bela moqueca com os amigos em Doris e o Xaréu virou lembrança, hahaha.

Chegando em Simpson Bay, e olha o Namastê nos esperando

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Comemorando a chegada

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No Lagoonis já arrumei uma amiga, todas as bvezes que chegamos para o Happy Hour, a música a noite ou para comer algo a safadinha já vem se enroscar…ainda bem que Bebê não sabe dessa traição..

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Todos os domingos show de rock no barzinho de praia chamado La Bamba. Caímos na dança com os Namastês e o Rubão fez o maior sucesso entre as gringas, sendo tirado para dançar diversas vezes…eu que me cuide, hahaha.

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Olhem as armações metálicas onde acendem fogueiras a noite ao longo da praia, fica lindo!

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Nos dias seguintes foi uma correria só para pesquisar preços e condições de marinas pois nossos parentes, Mara, a irmã do Rubão, nosso cunhado Ricardo e as sobrinhas Tatá e Duda chegariam dia 5/04 e pretendíamos com o conforto de uma marina preparar o barco para recebê-los, pois imaginem que a essa altura, a mais de 9 meses viajando e a uns 5 meses sem nenhuma marina, só no esquema de ancorar e economizar água, uma faxina colossal se fazia necessária e principalmente uma baita arrumação, pois o quarto da proa acaba virando depósito quando estamos sozinhos.
Tentamos a Lagoon Marina indicada pelo Zanela, mas estava lotada, e sendo bem sincera, os arredores são feinhos e acabamos optando pela Simpson Bay Marina, belíssima, uma baita estrutura e facilidades que desejávamos para os hóspedes, como a proximidade da praia ( é meio complicado nadar no lagoon, muitos barcos, água turva) bons mercados, restaurantes e lanchonetes. Nosso dia-a-dia ( financeiro,kkkk) não inclue marinas, mas em seis pessoas e com somente um banheiro se faz necessário, e após um racha não pesou para ninguém.
E dá-lhe faxina e arrumação, tudo brilhando, um baita Cassoulet pronto esperando a turma, e…. ferrou. Coitados, foi uma odisséia. O vôo tinha escala nos Estados Unidos somente para troca de aviões mas as sobrinhas não possuiam visto americano e após muito sofrimento e gastos e um atraso de 3 dias que incluiu uma escala em Paris os exaustos viajantes chegaram. Nós, com a ajuda dos Namastes tivemos que derrotar as comidinhas e ficamos ansiosamente esperando-os E VALEU A PENA!!! Que farra!

Olhem a família chegando. Que alegria!

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Curtindo no cockpit e sabendo tudo sobre a odisséia da viagem…

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Passeamos pelos arredores, fomos a praia, fomos ver um show de rock com uma banda excelente que toca todos os domingos em um bar de praia chamado La Bamba que o Carlão e a Sandra haviam nos apresentado na semana anterior, e aqui fica um comentário de admiração ao número imenso de casais velejadores acima dos 60 e 70 anos que além de aguentarem as dificuldades dessa vida que exige bastante fisicamente, são extremamente animados para dançar. Não sendo pejorativa de jeito nenhum em meu comentário, mas você fica com a sensação de estar em uma locação do filme Cocoon, hahaha. Não que sejamos jovens e em breve engrossaremos essas fileiras com muito orgulho, aliás, adoraria chegar lá com todo esse vigor físico.

Brinquedinho para alugar na praia. Fiquei aguada, mas 300 dólares por alguns minutos não dá para encarar.

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Nossas princesas aproveitando a praia

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Todo mundo no mar menos o ” Rubão Gato Escaldado”, só quer entrar se a água estiver morna

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Outra noite no La Bamba, dessa vez Mara e Ricardo deram um show de dança

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Meus grudinhos comigo e com a nova amiga

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Reservamos um dia para Philipsburg, a capital de San Marteen e a meca das compras pois é livre de impostos. Tanto Ricardo como nós estávamos loucos pela Go Pró, camerazinha porreta para fotos e filmagens de aventuras e sub-aquáticas, e depois de muuuuuita barganha com um indiano labioso que só, saímos carregados com a dita cuja, seus apetrechos e mais um monte de utilidades e inutilidades. Até Mara que não tinha essa pretensão saiu com uma bela camerazinha e eu estou apaixonada pela minha caixinha de som sem fio até agora!

Van super confortável por apenas 1,50 dólares por pessoa

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Algumas de Philipsburg

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As meninas então, charmosíssimas com seus óculos de sol novos, seus vestidos e cangas Caribenhas e seus macaquinhos rasta! Um foi batizado de Caribean e o outro de San Marteen.

Fotos com o pirata

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Esta foto tiramos para os amigos Elder e Dulcinha de Natal. Muita saudade do casal, e aliás, vai um bacardi aí?

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Após um almoço em um restaurante Chinês delicioso voltamos as compras, inclusive passando na Budget Marine no mesmo dia para iniciar o capítulo dois das compras do Ricardo: binóculos, sextante( não encontrou), GPS e nadadeiras, máscaras e snorkels para todos, pois em dois dias partiríamos para a charmosa Saint Barth. A família, que possue a pouco tempo um pequeno veleiro chamado Perseu em Tocantins, insistiu em sair do conforto da Marina para vivenciar experiências da vida de cruzeirista, pois pensam em fazer uma mudança radical e abraçar este estilo de vida, e FOI UM BATISMO DE FOGO!
São só uma 18 milhas mas ao sair do abrigo do lagoon, com o belo espetáculo da ponte se levantando, eu e Rubens nos entreolhamos e percebemos que não ia ser facil…mar contra, vento na cara, ondas altas…bom, foram umas 5 horas de profundas experiências estomacais, muito abraço no balde, mas todos se comportaram bravamente e paramos na Ile de Fourchue que faz parte do arquipélago de Saint Barth ( ou Saint Barthelemy ) para poupar a a tripulação e desfrutar de sua paisagem árida, belíssima e águas translúcidas. Tão logo pegamos uma poita que acreditamos ser gratuita pois ninguém nos cobrou até hoje, a molecada nos incitou a pegar o equipamento e cair na água. Foi tudo de bom, vimos arraias, peixes variados, e o melhor, o principal, a carinha de alegria das sobrinhas queridas.

As caras animadas na saída, mal sabem o que os aguarda

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Chegada na Ile Du Fourchue

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Que final de tarde!

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Após um belo jantar, acho que fiz um risotão de shitake, dormimos o sono dos justos, a família em sua primeira noite embalados pelo mar fora da quietude da marina.
Ao acordar, toca para a 1ª ancoragem de Saint Barth: Anse Du Colombier. É uma reserva natural (aliás, a Ilha Fourchue também), a água mais azul desde Tobago Kays, areia branquíssima, um show! Foi um dia de muito mergulho, muita brincadeira na praia, entardecer estupendo e uma noite maravilhosa com o “tio Rubinho” inventando mil estórias de terror para deliciar as crianças…e os adultos também!

Curtindo a praia em Anse du Colombier

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Excursão com crianças de Gustávia a Anse Du Colombier, aproveitam a praia, comem lanches imensos, sem brincadeira, uma baguete inteira recheada cada e no final da tarde vão embora.

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Croquetinho lindo!

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Depois de um lauto almoço, o descanso em nossa ” tenda árabe caribenha”

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No dia seguinte a capital, Gustávia, e eita ancoragem difícil! Um ventão danado, nenhuma poita disponível e poucos lugares para ancoragem, mas conseguimos, e após um bom almoço a bordo e uma boa observação da ancoragem, partimos em duas viagens de bote para conhecer a cidade, mas tudo com um certo receio, pois eu e Rubão, já teoricamente experientes como estamos, esquecemos de fazer nossa saída no Custons e imigração de San Marteen, portanto estávamos ilegalmente ali e sem poder fazer a entrada, mas felizmente não tivemos problemas.
A cidade é um charme, muito francesa, muito chique e MUITO CARA! Quem for passar um tempo maior por ali, vá bem abastecido. Eu e Rubão , após um passeio pela cidade e um belo sorvete abandonamos a família em um barzinho charmoso pois tínhamos uma missão: enviar um texto e fotos sobre nossa vida a bordo para o Gilberto da revista Náutica que havia feito diversos contatos por email solicitando esse material para que pudesse nos incluir em uma matéria da edição de Maio e estávamos em falta devido a correria, aliás, esperamos que tenha dado tempo e que a publicação aconteça, aliás familiares e amigos, leiam, escaneiem e mandem-nos por email.

Algumas de Gustávia

 

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A turma só matando a saudade de um belo sorvete e passeando na orla

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carrinho super charmoso e bastante comum por aqui

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Reencontramos o pessoal, tomamos uma cervejinha e assistimos a uma apresentação de uma palhaça francesa no meio do boteco, pelo jeito um local onde artistas itinerantes se apresentam, e retornamos ao barco para uma bela pizza e mais estórias do Rubão.

Princesas assistindo a palhacinha francesa
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Em consenso, decidimos voltar para Colombier para mais um dia de praia e mergulhos, paramos do outro lado da enseada que nos ofereceu a visão de muitos peixes e arraias embora nenhuma tartaruga, essas só vimos nadando perto do barco em Gustávia.

Curtindo novamente as águas cristalinas de Colombier
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Ao contrário das nossas praias, faltam árvores para abrigar do sol, e os Souza/Macgiver resolveram com uma tendinha
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Eu e Rubão percorremos um caminho que leva de uma ponta a outra da enseada num plano mais alto, e vejam que fotos
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Meu Comandante e Doris ao fundo
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Tio Rubens e as sobrinhas fazendo castelos de areia
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Após mais um dia e uma noite especiais retornamos, graças a Deus com todos passando bem e curtindo a navegada no convés para San Marteen e esperamos a ponte abrir ancorados, o que sempre é um pouco tenso pois abrem por pouquíssimo tempo e em grandes intervalos, acho que 3 ou 4 vezes ao dia, mas chegamos bem a Marina e desfrutamos de um belo banho após 4 dias com banhos meio salgados, mas eu confesso que sou bicho do mar, a marina é muito confortável mas anseio pela liberdade de pular na água quando me apraz.
Infelizmente já era domingo e na terça-feira eles teriam que retornar para o Brasil, portanto lanchamos fora, curtimos juntos a segunda-feira e com tristeza chegou o momento da despedida, com uma preocupação bastante procedente: ao passar por todos os problemas na vinda, adiaram a partida mas tinham receio de que mais algum problema ocorresse, e ainda bem que fomos cedo para o aeroporto pois foi outra odisséia, mas no final conseguiram embarcar e bateu uma tristeza imensa pois um longo tempo passará até que nos reencontremos, mas acho que já convenci a Tatá e a Duda a “ENFERNIZAR” o papai e a mamãe para ir para Grenada, a mesma técnica infalível que utilizei em Natal quando foram nos encontrar com a palavra mágica CARIBE… deu certinho, hahaha

Finalmente conheceram o Branquinho querido!
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Gatinhas dormindo na sala do veleiro
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As princesas a caráter
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Despedida triste no aeroporto
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Agora começou uma nova etapa nada fácil, que é o arroz/ feijão de todo Brasileiro que visita esta ilha
– pesquisa de preço de equipamentos e mão de obra
– compra pelos melhores preços ( geralmente compramos 5 vezes aquilo que pretendíamos a princípio entusiasmados pelas promoções).
-Esperar a mão de obra e se auto-flagelar por ser contra calmantes e não trazer uns lexotans, diazepans, qualquer pan que te acalmasse nessa loooooonga espera e na dificuldade em sobreviver na ZONA, assim mesmo, zona maiúscula, imensa, infinita que reina no barco. É pedaço de madeira e parafuso do serralheiro que está instalando mais uma geladeira para mim, isso mesmo, uma geladeirinha linda, funcional, COM LUZ DENTRO, gavetão corrediço, congelador, estou tão apaixonada por ela que já estou com tendinite pelo esforço repetitivo de abri-la uma 50 vezes por dia, hahaha ou o Rasta que está instalando umas gaiútas adicionais para ventilar melhor o quarto, em suma, um caos.

Minha geladeirinha nova
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Uma foto da antiga mas ainda a principal (para não sentir ciúme e resolver parar de funcionar)
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Bagunça total
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Algumas coisas são muito legais, como por exemplo a atitude do Gui, um brasileiro radicado em San Marteen a muitos anos que trabalha com instalação de equipamentos eletrônicos, e que ao perceber o talento do Rubão deu as dicas necessárias para que ele fizesse 80% do trabalho necessário, economizando montanhas de dinheiro com o intalador tanto do nosso SUPERPODEROSOPILOTOHIDRÁULICONOVINHOLINDODEMORRER como das nossas placas solares também poderosíssimas, pois o mesmo só finalizará o trabalho. Aliás, veio por umas 3 horas hoje, 09/05 e acho que amanhã ficará só mais uma ou duas horas, o que a uns 80 dólares/ hora dá para imaginar a economia que o trabalho de dois dias seguidos do Rubão, muitíssimo bem alimentado e assistido por mim, gerarão. Iniciaremos então, também com Rubão se encarregando da maior parte do trabalho, a instalação de um equipamento que nos trará um imenso conforto: um dessalinizador ou watermaker da marca Spectra, super conceituada, e que nos gerará uns 30 litros de água do mar transformada em água puríssima, inclusive para beber por hora de funcionamento.
Só quem vive a bordo, e principalmente quem vive a bordo fora do Brasil sabe a maravilha que é ter abundancia de água. No Brasil em quase toda ancoragem havia profusão de água, só sendo trabalhoso buscá-la em galões, embora alguns lugares como Ilha Grande tenham até mangueiras disponíveis em poitas, um baita conforto. Aqui no Caribe muitos lugares são secos, com pouca vegetação e a água além de difícil é cobrada, portanto, viva nosso watermaker que também nos dará a segurança adicional durantes travessias longas e VIVA OS BANHOS DE ÁGUA DOCE!!!
Da forma como estou contando parece que é só trabalho, e realmente ele tem ocupado a maior parte do nosso tempo, mas tudo tem suas compensações. Os amigos do Namastê que chegaram bem antes por aqui foram, a mais ou menos um mês para o lado francês, Marigot, e travaram contato com outros brasileiros que depois nos apresentaram, e tristes com a partida dos familiares fomos animados por um happy hour delicioso no veleiro Vento Macio do Marcos e da Heloísa do Rio de Janeiro, e vejam que coincidência, a vários anos quase compraram Dóris. Foi uma noite memorável, muito vinho, muitos queijos e o principal, muita conversa. Como o casal receberia filhos e neto no dia seguinte nos reencontramos recentemente em um ponto de encontro usual, o restaurante Lagoonis na marina Lagoon que é sempre muito animado, happy hour com promoção de cerveja a 1 dólar, drinks a 3 dólares e as 20:00 música ao vivo todos os dias menos no final de semana. Todas as sextas um rock com a mesma banda daquele bar de praia a que me referi, o La Bamba mas com uma cantora espetacular, viramos fregueses, nos sábados tem um rock mais intimista com o velejador Mason perto da nossa marina e estão tentando me convencer a cantar nas segundas do lagoonis pois é a noite do microfone aberto, mas meu violão é tão sofrível…sei não…cadê meu irmão e parceiro Licão? Continuo um Claudinho sem Bochecha, hahaha. Conhecemos também o Gabriel, brasileiro casado com uma Polonesa, jovens e simpáticos no veleiro , o pessoal do Onda Boa, catamarã que iniciou ontem a travessia do atlântico com destino a Holanda, comandado pelo holandes mais brasileiro que já conheci, Peter, e sua namorada Brasileira Dora. Esse casal muito legal ofereceu o espaço para comemorarmos o aniversário do Gabriel e foi uma festança e uma chance de reunir a brasileirada. É uma pena que os trabalhos nos tenham obrigado a ficar longe de todos, pois toda a mão de obra fica no lado holandês, e a verdade é que nas três vezes que atravessamos de bote daqui até Marigot foi bastante difícil e isso dificulta o convívio, mas na próxima temporada estaremos mais próximos e mais livres.

Comemoração do aniversário do Gabriel no Onda Boa, e olha o casal aí
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O aniversariante, eu e Heloísa do Vento Macio
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Foi uma farra maravilhosa e os anfitriões Peter e Dora se superaram
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Curtindo o rock no Lagoonis toda sexta- feira a noite
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Olha o guitarrista velejador…
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Cantora espetacular
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Paralelamente tentamos manter um contato ao mesmo tempo tão vital, tão distante, tão difícel e importante com nossos vínculos em terra. Meu pai que esteve internado com sérios problemas de saúde felizmente apresenta melhoras e voltou para sua casa. Nossa casa que estava com inquilinos complicados e que abandonaram o contrato nos prejudicando em todo o planejamento de viagem finalmente parece entrar no esquema para uma próxima locação, e a saudade, a vontade de conversar de fato, não por mail ou por conversas entrecortadas no skipe me angustiam. Quero saber DE FATO como minhas crianças ,meus irmãos, meu pai e meus amigos estão, quero estar lá e quero estar aqui ao mesmo tempo, e sei, por todos os livros que li sobre diferentes pessoas em experiências semelhantes, que esses sentimentos e sensações são comuns em quem abraça esse tipo de vida e tenho que aceitá-los.
Temos ainda uns 10 ou 15 dias de muito trabalho e a temporada de furacões se aproxima. Queremos curtir pelo menos uma semana de ancoragens que não conseguimos conhecer por aqui mas não podemos bobear e a verdade é que estamos em um grande dilema…
Os amigos que estão aqui pretendem ficar em Grenada na temporada de furacões, mas lá não é totalmente protegido e tememos isso, além de não desejarmos ficar tantos meses em um mesmo local. Nosso plano original seria rumar para a Venezuela, seguindo uma rota que dizem ser belíssima: Los Testigos, um pequeno arquipélago com pouquíssimos habitantes, Los Roques que dizem ser um dos lugares mais belos, Las Aves, outro pequeno arquipélago e as ilhas ABC, Aruba, Boneur e Curaçao. Neste nosso sonho encontraremos os amigos do catamarã Cascalho, Luis e Mauriane que não vemos desde a Martinica n e navegaremos próximos. Além de tudo, fazendo esta rota aumentaríamos a possibilidade de receber nossos amigos e familiares a bordo, pois o custo absurdo das passagens aéreas para o Caribe “de cima” desaparece no Caribe Venezuelano e o custo de vida é muito mais baixo.
Ameaçando esses sonhos está a m…. da pirataria que dizem estar muito presente por lá. Estamos pesquisando, conversando com pessoas experientes como por exemplo o Marcelo e a Maura que conhecemos ligeiramente. São de Ilhabela e estão nesta vida a uns 12 anos e dizem que lá é tudo de bom, em suma, utilizaremos este último período por aqui para tomar essa decisão, tentaremos encontrar os amigos do Cascalho na Martinica para combinar melhor e reabastecer o barco de provisões pois aqui é muito caro e na próxima publicação falarei sobre nossos últimos dias aqui e principalmente sobre nosso próximo destino.
Rita

P.S. Acabei atrasando mais de uma semana esta postagem. O sinal é caótico mas a boa notícia é que as instalações estão caminhando e em breve partiremos. Já está começando aquela coceirinha por novas paragens…

Travessia Antigua/Nevis

25 de março de 2014

Travessia Antigua/ Nevis

Normalmente deixo as travessias para o Rubão relatar como só ele sabe fazer, com uma riqueza de tecnicidades que eu não consigo, mas desta vez vou relatar 2 acontecimentos marcantes em uma travessia que até então vinha sendo excessivamente calma, mar espelhado e quase nada de vento, portanto vela mestra para captar essa merreca, e dá-lhe vento de porão ( vulgo motor, o horror de todo velejador). Lá pela 1:00 da madrugada levantei do meu cochilo, servi um creme de ervilha para o comandante que na sequencia foi repousar. Nestes momentos normalmente aproveito para escrever offline no blog facilitando para depois. Bom, Bebê e ipad no colo, aquele mar lindo e uma lua crescente, a maior calma. As 4:30, eu toda entretida nas escrevinhações mas já bem atenta pois a ilha de Nevis se aproximava por boreste, sinto um tranco, um baita barulhão e o barco para…desligo o motor rapidamente e berro: RUBÃÃÃO, que neste momento já surge amarrotado na gaiuta, mas rapidamente começa a checar tudo. Lembramos que pode ser alguma rede de pescador presa e tcham, tcham, tcham, era exatamente isso. Lá vai meu herói, veste uma sunga, põe a máscara, nadadeiras, pega uma baita facona, solta um cabo na popa para se segurar caso seja necessário pois o veleiro continua a se deslocar devagar, e eu, deitada de barriga na plataforma da popa ilumino a água para ele, que corajosamente, num breu danado mergulha sob o barco e solta os cabos da armadilha de pesca que estava presa no hélice e voilá ( estou sofrendo influências francesas demais), o motor funcionou como um gatinho ronronando.
Bom, este foi o primeiro acontecimento, ressaltando a atitude heróica do meu comandante para então poder perdoá-lo pela atuação no segundo acontecimento.
Tenho falado sobre a dificuldade em conseguir peixe fresco por aqui, portanto, mesmo com a tal toxina assustadora, se pegarmos algum a uma certa distancia eu não perdoo. Até agora Rubão pegou a barracuda que virou moqueca e pouco antes havia pego um atum lindo, e quando eu já salivava pensando no sashimi que ele iria virar, Rubão bobeou fotografando o peixe, o fdp número 1 escapou por um vão da redinha que circunda o barco e ficamos somente com a foto e o desejo do sashimi. Pois é, já quase chegando na ancoragem, zzzzzzzzzzzzzzzimmmmmmm, nossa carretilha cantou…Rubão correu, eu reduzi o motor e veio a bordo uma bela e briguenta barracuda de uns 3 kg. Enquanto eu fotografava o pescador e a pescada já sentia o gosto e o cheiro da peixada que prepararia e decidia se ia ou não usar leite de côco, ouço PLUFT, a fdp número dois escapou pelo mesmíssimo buraco enquanto o Rubão tentava tirar o anzol que havia enroscado. Ai que raiva, duas vezes no memo lugar, Rubão?
Bem, ninguém acerta sempre, não é mesmo? E pela atuação no primeiro acontecimento bem que ele pode perder uns dez peixes.
Só mais uma coisa, para os de mente perversa que imaginaram quando denominei os peixes como fdp números 1 e 2, não é palavrão não, é Filho Do Peixe, hahaha.
Segue a foto para provar

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Um nascer do sol para que eu fique menos estressada? Amanhã vai ter salsicha neste barco comandante! Kkkkkk, aliás, estamos chegando em Nevis.

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Antígua

25 de março de 2014

Antígua

Um dos lugares em todo o roteiro que criamos em nossa imaginação que eu mais estava ansiosa por conhecer era Antigua, mas cheguei tão exausta, tão gripada e com uma crise tão aguda de sinusite que ao chegar no meio da tarde após uma bela velejada onde ajudei o mínimo, mesmo encantada com o que via a distancia e felicíssima com a calma da ancoragem só queria uma coisa, aliás, duas: REMÉDIO E CAMA. Rubão foi sozinho fazer o Custom e Imigração, voltou elogiando o lugar e ficou cuidando de mim. No dia seguinte piorei muito e permaneci repousando, fazendo inalações ( graças a Deus pela precaução exagerada que me fez trazer tanta tralha para cuidados, inclusive meu inalador, mas que tem se mostrado úteis), e ansiosa por melhorar, pois depois de amanhã farei aniversário e quero curtir muito meus 51 em Antigua.
Chegada em Antigua

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Em tempo, esta baía onde estamos chama-se Freeman Bay, e aqui encontra-se um forte belíssimo logo na entrada, e todas as dependências de um quartel onde o famoso Almirante Nelson tinha sua base no Caribe. Hoje, todos os prédios, extremamente bem consevados, são utilizados como marina, Customs e imigração, padaria, mercadinho, restaurantes e bares, e é um lugar de tirar o folego. Após minha ressureição consegui, ainda timidamente dar um passeio neste lugar mágico e curtir um happy hour, mas amanhã quero ver tudinho, inclusive o vilarejo.
Happy Hour

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Acordamos cedo, ganhei um belo café na cama do meu comandante para começar bem meu níver, e vamos bater perna…
Caminho para o Forte

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Nesta foto não sei se Rubão pretendia me fotografar ou Dóris ao fundo, mas com certeza a pretensão era Doris, seu grande amor

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Mais algumas do Forte

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Dóris enquadrada em uma das janelas do forte

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Retornando, as cabras muito frequentes no local e algumas vistas de cima

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Algumas da cidade…a influência inglesa na arquitetura

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Iate Clube local, despojado e simpático. Parada obrigatória para a primeira cervejinha.

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No retorno ao “quartel”, que na realidade chama-se Nelson’s Dockyard, resovemos fazer uma exploração mais profunda.

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A padaria mais charmosa que já vi

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Restaurante belíssimo chamado The Pillars, era um local de consertos de velas ( velaria) no passado. Os pilares super conservados no exterior chamam a atenção

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Algumas Carrancas que adornavam as proas das antigas embarcações e que se encontram no museu local

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Meu Almirante pessoal, hahaha

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Outras

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Praia com um hotel e bangalôs em frente a ancoragem, fomos conhecer no final da tarde

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Algumas fotos que Rubão arriscou fazer do bote. Fico apreensiva, mas valeram a pena!

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Após alguns mergulhos, aliás, nada melhor para curar a sinusite, um banhão e me aprontar para a noite…que será com um bom vinho, umas velinhas e uma comidinha no barco mesmo, para comemorar o restinho do níver, estamos cansados. As lembranças da minha festa dos 50 no ano passado, os amigos e familiares queridos, a música deliciosa, modéstia a parte foi uma festa de arromba, vem a todo momento e bate uma baita saudade de todos, mas não dá pra ter o melhor de todos os mundos e me lembro de agradecer a Deus pelos meus grandes companheiros, Rubão e Bebê, e pela oportunidade de viver essa aventura, mesmo que com algumas perdas.
Vai um por do sol pra levantar o astral?

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Domingão, 23/03, passaremos o dia ajeitando o barco, estou fazendo a lazanha do almoço e uma sopa para o jantar, pois sairemos lá pelas 19:00 hs para Nevis, dizem que é um lindo lugar, mais um de tantos, embora esteja percebendo cada dia mais as diferenças, sejam arquitetônicas, culturais, geográficas ou quaisquer outras, que tornam cada lugar único e especial.
Beijos,
Rita

Guadaloupe

25 de março de 2014

Guadaloupe

Terminei a última postagem falando que faríamos uma breve parada em Guadaloupe, e bota breve nisso.
Saímos cedinho e foi uma velejada ótima mas pesada com ventos bem fortes, e cumprimos as 34 milhas em umas 6 horas. Estávamos ansiosos por chegar, colocar o bote na água e conhecer a única ancoragem onde resolvemos parar em Guadaloupe, estrategicamente situada no norte da ilha e chamada Deshaies, que fragmenta o trecho até Antigua em dois, fazendo a viagem mais leve, mas LEDO ENGANO! Encontramos uma ancoragem complicada, rajadas constantes entre 32 e 36 nós, todos os veleiros que chegavam com dificuldades, garrando e colocando as embarcações vizinhas em risco, e nós decidimos permanecer no barco, o que foi acertado, pois arrastamos a ancora sem garrar totalmente mas precisando de máxima atenção em duas ocasiões durante a noite. Resultado: nenhum de nós dormiu e assim que amanheceu, exaustos, levantamos a ãncora e seguimos para Antígua na esperança de uma noite tranquila após mais umas 10 horas de velejada, e confesso que quase amarelei tentando convencer o Rubão a ficar, pois apesar de estar ruim aqui, eu temia o mar aberto com ventos tão fortes e fora das previsões, mas a navegada se revelou tranquila fora uma gripe daquelas que eu sentia se avizinhando.
Algumas fotos da navegação, mas os piores momentos nunca conseguimos registrar, pois a procupação é outra

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A chegada, e mais fotos do local ficarei devendo para a próxima temporada

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Iles des Saintes

25 de março de 2014

Iles des Saintes

Qualquer expectativa que eu tivesse depois do que havia lido ou ouvido foi superado, o lugar é maravilhoso! É um conjunto de ilhas, 3 maiores e algumas pequeninas, com somente duas habitadas que pertencem a Guadaloupe. Ao chegar a ancoragem, aliás, às poitas pagas ( 9 euros/noite) mas extremamente seguras pois a ancoragem só é permitida em outras enseadas mais distantes e queríamos ficar próximos a vila principal, avistamos a nossa esquerda a Iles de Cabrit e a direita um povoado extremamente colorido. Sabe aquele colorido brilhante e que achamos que não existe ao nos depararmos com ele em alguma ilustração de livro ou quadro retratanto o Caribe? Existe sim e é Saintes!
Com um comichão danado para descer mas muito cansados, afinal haviam sido 110 milhas percorridas, e como saímos da Martinica ao meio dia da sexta-feira, 14/03 ( aquela superstição que o Rubão citou em uma postagem anterior, uma das muitas de velejadores sobre não iniciar navegações neste dia da semana nunca é respeitada por nós, aliás, nesta vida eu nem sei quando é sexta ou segunda, hahaha), estávamos bem cansados após os turnos, eram umas 10:00hs do sábado e fiz um belo almoço, demos uma ajeitada em tudo, cochilamos e fomos a tardezinha conhecer o lugar e fazer nosso happy hour
Chegada a Saintes

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Ding dock

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Fotos da vila, Terre de Haut e novamente a influencia francesa em tudo

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Igreja local

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Praça, parece que acabou de rolar um comício político. Estão em plena campanha…argh…

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Cais principal onde param os ferrys vindos de Guadaloupe

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Barzinho do Happy hour

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No domingão resolvemos fazer mais um passeio pela vila e alguns mergulhos na região. Água límpida, muitos corais e peixes, mas depois de termos nos inteirado sobre o fato de que os peixes costeiros se alimentam de um coral que os deixa impregnados de uma substancia tóxica para nós, podendo até ser mortal em vários locais desta altura do Caribe, preferimos não arriscar a caça. Aliás, agora sabemos que aquela barracuda que Rubão pegou quando chegávamos a Martinica e que eu transformei numa moqueca que durou dois dias poderia ter sido nossa última refeição, ainda bem que estava boa pra caramba,kkkkk.
Fomos com o bote até a ilhota vizinha, Ile a Cabrit. Vários veleiros ancorados, umas 2 lanchas e numa próxima temporada será um local para experimentar. A ilha é desabitada com excessão de um ceramista local com seu belo trabalho.
Possui também algumas ruínas que fomos conhecer e mais acima fica o Forte Josephina que não conheceremos pois estamos descalços e nossos pés DOEMMMM.
A praia gostosa com algumas mesas e churrasqueiras disponíveis, acho que será mais uma ancoragem da próxima temporada. É uma pena que não tenha fotos para postar, mas quando os passeios envolvem mergulhos e desembarques mais complicados com o bote ficamos com medo de detonar a camera, mas me aguardem, San Marteen chegando com sua ausência de impostos e nossa Go Pró quase na mão, aí vcs vão enjoar de tantas fotos submarinas.

Chegando a vila arriscamos a camera e fotografamos os onipresentes pelicanos e algumas contruções locais

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Segunda-feira, obaaaa ( podem me xingar, hahaha). Hoje alugamos um possante carrinho elétrico que nos levará por todos os pontos turísticos da ilha.
Olhem a cara de alegria do Rubão ao receber o carro…Homens e máquinas, quem aguenta?

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Primeira parada, Forte do Napoleão. O caminho já é lindo e vocês verão as fotos do forte, é extremamente bem conservado, possuindo inclusive um museu em suas dependências contando toda a história da ocupação da ilha pela França,do cultivo da cana pelos escravos, das batalhas navais, das relações com os indígenas locais, os Caraíbas, uma viagem na história
O caminho para o Forte já é uma viagem. Paisagem linda.

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O Forte…belíssimo

O fosso

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Entrada

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Interior do Forte

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Museu dentro das fortificações

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Jardim de plantas exóticas no exterior do forte

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Muitas iguanas gigantes

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Agora vamos a um tour pelas diversas praias locais, com direito a mergulhos pois nossa opção pelo carrinho ( aliás ele é porreta, aguenta cada ladeira ) e não pelas scooters mais baratas ( o único inconveniente local pois são tantas que temos que ter atenção ao caminhar o tempo todo), foi pelo porta-malas para poder trazer o equipamento, e como ninguém é de ferro, umas cervejinhas geladas e uns petiscos.
Baía de Pont Pierre

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Anse Crawen

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Pont Bois Joli

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Pains de Sucre e Petit Anse…outro lugar excelente para ancorar e um dos mais belos mergulhos da minha vida

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Outras enseadas, Rodrigues, Figuiers, Grande Anse ( onde recebemos o alerta para não entrar e realmente é bravíssima) e finalmente algumas fotos entre as paradas. O possante também merece mais algumas fotos.

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De volta a vila entregamos o possante ( que peninha, queria ter um desses no barco, hahaha), fiz uma pequena compra e voltamos rapidamente para o barco pois Rubão ainda comprará alguns galões d’água e eu farei o jantar e o almoço de amanhã. Está anoitecendo, mais um belo por do sol se descortina e já estamos no processo que tem sido uma constante em nossa vida: a despedida um pouco triste de um lindo lugar mas ao mesmo tempo a ansiedade pelo novo que se aproxima.
Guadaloupe na proa para uma breve parada antes de Antígua.
Por do sol final em Saintes, um lugar especial

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Rita

Saint Pierre, a ancoragem que pulamos na Martinica

25 de março de 2014

Saint Pierre, a ancoragem que pulamos na Martinica

Por uma necessidade de calcular nosso prazo de chegada a St. Martin, pois lá receberemos nossos primeiros visitantes, minha cunhada Mara, irmã do Rubão, nosso cunhado Ricardo e as amadíssimas sobrinhas Thainara e Duda que chegarão em 03/04, resolvemos pular esta ancoragem, pois na próxima temporada poderemos repetir o que gostamos e conhecer os lugares em que não estivemos, mas ficam na sequência diversas fotos do Monte Pelée, um vulcão impressionante que teve sua última erupção no início do século passado, evento que dizimou a população da cidade em seu sopé, deixando um único sobrevivente que passava a noite em uma cela de pedra na cadeia local. Contarei esta história mais detalhadamente quando pararmos aqui na próxima vez.
Aliás, muuuuuito ansiosos pela chegada dos nossos queridos visitantes.

fotos do Monte Pelée

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Rubão com o Monte Pelée ao fundo. Nenhuma fumacinha a vista, ainda bem!

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Rita